Ele jogou com Assis, Pancinha, Lia, Xuxa, Hélcio, Ubirajara, entre outros vários ídolos da torcida alvirrubra. E foram vários mesmo, afinal são nada menos que dez anos de carreira no América, seu segundo clube como jogador profissional. Nesse período foram cinco títulos. Dois no Juvenal Lamartine, onde ele mais gostava de jogar, e três no Machadão. Alegrias foram muitas. Os títulos estaduais provam isso. "No América eu só tive alegrias praticamente", diz. Mas uma delas está gravada com carinho na memória da torcida e do próprio Bagadão, que em uma certa oportunidade fez valer a fama pela qual é conhecido entre os torcedores: raçudo.
O ano era 1967. O dia, 27 de dezembro. América e Riachuelo duelavam no estádio Juvenal Lamartine, o JL, pelo título de Campeão Potiguar daquele ano. Antes do intervalo de jogo o time rubro já havia feito suas três substituições e tinha, como se diz no jargão do futebol, um jogador a menos em campo. Era Bagadão. "Eu estava com uma distensão na coxa e o América não podia mais fazer substituição. O médico aplicou uma injeção na minha coxa, na hora do intervalo, aí eu voltei para o jogo", conta. Passou o segundo tempo no sacrifício para conseguir correr alguns metros. Na melhor de três o time rubro precisava de um empate e perdia a partida por 1 a 0 para o Riachuelo, que havia levado o returno. Quando tudo parecia perdido, lá se vai Bagadão. "Faltava uns dois ou três minutos", lembra, "aí eu fiz o gol quase no meio de campo. Fomos campeões", conta.
Das alegrias à tristeza. Na verdade, segundo Bagadão, não houve uma ocasião ímpar para ser guardada como decepção para sua carreira, mas sim várias: "perder para o ABC". Parece coisa de torcedor. Aliás, é. "Toda vida que eu perdia para o ABC eu só ia treinar na terça-feira. A segunda era o dia inteiro em casa, com vergonha. Hoje nem existe mais isso no futebol. Perder para o ABC naquela época era para mim como perder um campeonato mundial", revela. Hoje em dia a impressão que se tem é que, para Bagadão, não mudou muita coisa. "Eu ainda sinto vergonha se perder. É uma doença. (Perder) para o ABC, ainda hoje, é pior ainda", diz.
Ex-jogador completa 63 anos neste domingo
Durante a festa de comemoração aos 96 anos do clube, o América promoveu uma homenagem a Bagadão e alguns de seus companheiros da galeria de ídolos do clube. Para ele, uma felicidade sem tamanho. Deixando seu lado torcedor falar mais alto, ele diz que o certo seria o contrário. "A gente é quem deveria homenagear e agradecer ao América", diz. Nos dez anos em que passou como jogador alvirrubro Bagadão não cultivou apenas a relação entre clube e jogador. "Fiz muitas amizades, era tudo amizade", lembra. "Eu não gostava nem de dizer que o América era minha segunda casa. Na verdade era a minha primeira casa", diz.
Este domingo é uma dia especial para Bagadão. Dia de comemorar seus 63 anos de vida. Talvez neste dia, para não perder o costume, o ex-atacante conte mais algumas histórias de seu tempo de jogador para seus filhos, netos e esposa, com quem já é casado há quase 40 anos. Tímido, porém muito simpático, hoje Bagadão pode ser definido de várias formas. Além de ex-jogador e ídolo do América, é funcionário público aposentado, morador da Vila de Ponta Negra, pai de três filhos e avô de dois netos. Mais que isso, é um torcedor americano e um homem eternamente grato a seu clube e seus antigos dirigentes, entre eles Guilhermano Machado, Etinha e Lelé. "O América foi minha vida toda. Aprendi a ter amigos, a respeitar. Se fosse para fazer de novo, eu faria tudo novamente. E no América, claro".
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