Tiririca, Mussum, Adamastor Pitaco e seu Madruga(foto GLOBO.COM)
Brasil Afora: Santa Cruz genérico tem Tiririca, Mussum e Miguel Falabella.
Apelidos ditam o clima do time do Rio Grande do Norte que, em oito anos de existência, já garantiu título do turno estadual e vaga na Copa do Brasil.
O nome é Santa Cruz, mas não é o do Recife. No elenco, tem Tiririca, Mussum e Miguel Falabella. Talento musical ou artístico? Nenhum. Vocação para a política, então? Longe disso. No Santa Cruz-RN, é o humor que dá o suporte para o crescimento do time. Em oito anos de existência, já soma título do primeiro turno do Campeonato Potiguar, classificação para Copa do Brasil e vice-liderança do grupo A3 da Série D. Com brincadeiras e apelidos presentes na rotina do time, o Gavião do Trairy quer deixar de ser chamado de genérico para virar protagonista e levar cada vez mais sorrisos à torcida da cidade de cerca de 35 mil habitantes, localizada a 115km de Natal (RN).
Nos treinos no Iberezão, estádio municipal de Santa Cruz, é possível ouvir de longe as risadas dos torcedores. Em campo, lá estão Miguel Falabella, ou melhor, Isaías, defendendo, e seu Madruga, mais conhecido como o volante Robson, tocando para o “Mestre dos Magos” Hercules. Logo a bola chega para “Adamastor Pitaco” Rafinha, que cruza para Mauricio “Mussum” Pantera dar belo passe para o gol de Cristiano “Tiririca”.
- Rapaz, nunca vi um time para ter tanto apelido como esse aqui (risos). Mas é bom porque são brincadeiras sadias. E isso ajuda muito a deixar todo mundo mais unido. É o segredo para o sucesso. Somos genéricos, mas somos bons – disse Mauricio Pantera, que já marcou dois gols em quatro jogos pela Série D.
Até mesmo o técnico entra na brincadeira. Mas, apesar de Tiririca achar que ia ser “bom demais”, Paulo Ricardo Moroni se nega a fazer um dueto musical para homenagear seu homônimo, vocalista da banda RPM.
- Eu não canto nada, não. São eles que têm que dar show dentro de campo – afirmou, com um sorriso tímido, o treinador, zagueiro do Vasco nos anos 80.
Até um José Wilker já apareceu no time. Com nome de batismo mesmo. Mas o jogador fez uma rápida participação e já deixou o Gavião.
A questão do apelido é tão marcante no time que tem jogador que prefere deixar o nome de lado. É o caso do zagueiro Marcelessandro. As 14 letras dão trabalho. Na camisa - e no trato com o atleta - só Marcelo já está de bom tamanho para ele.
Orçamento é 20 vezes menor que o do Santa Cruz-PE!!
O clima também fica mais sério quando o técnico Moroni lembra das dificuldades de um time que disputa a Série D do Brasileirão. Com uma verba municipal de R$ 10 mil - o orçamento do Santa Cruz-PE é 20 vezes maior (R$ 200 mil) - e ajudas pontuais de empresários, o Gavião do Trairy luta para manter a equipe em competições.
- Ninguém quer ficar desempregado em setembro, sem saber o que vai acontecer. Temos que entender que temos de dar as nossas vidas em campo porque isso aqui é uma vitrine. Quem jogar bem, aparecer em campo, poderá crescer na carreira. Ser chamado para um time de Série B, até de Série A. Disputar a Série D não é fácil, mas trabalhar essa motivação com eles, de que dá para tirar um proveito daqui, pensando no futuro, é o que me faz vir trabalhar todos os dias. É um desafio pessoal – afirmou Moroni.
Fundado em novembro de 2003 e profissionalizado em 2004, o Santa Cruz-RN já tem dois títulos no currículo. No ano de estreia na segunda divisão do Potiguar foi campeão. E, em 2011, venceu o ABC na decisão do primeiro turno no estadual. Uma equipe que começou em um encontro de amigos que gostavam de futebol com o então prefeito da cidade e atual presidente do clube, Luiz Antônio Lourenço de Farias, o Tomba, e passou por momentos difíceis no começo.
- Nossa primeira grande dificuldade foi uma coisa que até dá vontade de sorrir agora. O primeiro jogo foi em uma cidade do interior. Ligamos para o presidente da outra equipe, e ele acertou um lugar para a gente ficar lá. Nós pagamos e tudo mais. Mas quando chegamos, vimos que era um motel. Tivemos que ficar lá, era o único jeito. Foi um pouco constrangedor – contou.
A situação do clube já melhorou. Atualmente, o Santa dispõe de um centro de treinamento com campo, alojamento e sala de fisioterapia. Academia, piscina e auditório para preleção também estão sendo construídos. Para se deslocar para disputa de jogos em outras cidades, alugam ônibus e ficam em hotéis na beira do mar, assim como fizeram na última rodada da Série D, quando se hospedaram em Olinda (PE) para enfrentar o Santa Cruz-PE, para quem perderam por 1 a 0 no último domingo.
Se em Recife o resultado não foi positivo, em Santa Cruz a situação é diferente. De acordo com Moroni, o time não perde em casa há “quase dois anos”. No estadual de 2011, foram oito vitórias seguidas. Consequência de um trabalho de treinos diários no Iberezão, mas também de uma “ajuda divina”. Do gramado do estádio é possível ver o monumento a Santa Rita de Cássia, maior estátua católica do mundo, de 56m, que reina sob Santa Cruz. Dela vem a fé dos jogadores em dias melhores na Série C.
- Ela é a Santa das Causas Impossíveis. Somos devotos. Quando os jogadores chegam, é a primeira coisa que querem conhecer. Pedimos benção antes de cada jogo – contou o superintendente Jaedyson.
Um dos que já foram aos pés da santa para pedir proteção foi Rafinha. O lateral, que é do América-RN, disputou o estadual pelo Santa Cruz e voltou em julho depois de uma rápida passagem pelo time da capital. O motivo? - Aqui eu tenho moral. Sou ídolo. A torcida gosta de mim pelo que fiz no estadual. E quero conseguir ainda mais agora – disse.
Assim como Rafinha, o elenco do Santa Cruz-RN também quer alcançar a idolatria com a classificação para a Série C e uma boa campanha na Copa do Brasil. Os resultados ajudariam a fazer o time deixar de ser chamado de genérico e chegar ao Olimpo assim como os verdadeiros donos de seus apelidos.
Brasil Afora: Santa Cruz genérico tem Tiririca, Mussum e Miguel Falabella.
Apelidos ditam o clima do time do Rio Grande do Norte que, em oito anos de existência, já garantiu título do turno estadual e vaga na Copa do Brasil.
O nome é Santa Cruz, mas não é o do Recife. No elenco, tem Tiririca, Mussum e Miguel Falabella. Talento musical ou artístico? Nenhum. Vocação para a política, então? Longe disso. No Santa Cruz-RN, é o humor que dá o suporte para o crescimento do time. Em oito anos de existência, já soma título do primeiro turno do Campeonato Potiguar, classificação para Copa do Brasil e vice-liderança do grupo A3 da Série D. Com brincadeiras e apelidos presentes na rotina do time, o Gavião do Trairy quer deixar de ser chamado de genérico para virar protagonista e levar cada vez mais sorrisos à torcida da cidade de cerca de 35 mil habitantes, localizada a 115km de Natal (RN).
Nos treinos no Iberezão, estádio municipal de Santa Cruz, é possível ouvir de longe as risadas dos torcedores. Em campo, lá estão Miguel Falabella, ou melhor, Isaías, defendendo, e seu Madruga, mais conhecido como o volante Robson, tocando para o “Mestre dos Magos” Hercules. Logo a bola chega para “Adamastor Pitaco” Rafinha, que cruza para Mauricio “Mussum” Pantera dar belo passe para o gol de Cristiano “Tiririca”.
- Rapaz, nunca vi um time para ter tanto apelido como esse aqui (risos). Mas é bom porque são brincadeiras sadias. E isso ajuda muito a deixar todo mundo mais unido. É o segredo para o sucesso. Somos genéricos, mas somos bons – disse Mauricio Pantera, que já marcou dois gols em quatro jogos pela Série D.
Até mesmo o técnico entra na brincadeira. Mas, apesar de Tiririca achar que ia ser “bom demais”, Paulo Ricardo Moroni se nega a fazer um dueto musical para homenagear seu homônimo, vocalista da banda RPM.
- Eu não canto nada, não. São eles que têm que dar show dentro de campo – afirmou, com um sorriso tímido, o treinador, zagueiro do Vasco nos anos 80.
Até um José Wilker já apareceu no time. Com nome de batismo mesmo. Mas o jogador fez uma rápida participação e já deixou o Gavião.
A questão do apelido é tão marcante no time que tem jogador que prefere deixar o nome de lado. É o caso do zagueiro Marcelessandro. As 14 letras dão trabalho. Na camisa - e no trato com o atleta - só Marcelo já está de bom tamanho para ele.
Orçamento é 20 vezes menor que o do Santa Cruz-PE!!
O clima também fica mais sério quando o técnico Moroni lembra das dificuldades de um time que disputa a Série D do Brasileirão. Com uma verba municipal de R$ 10 mil - o orçamento do Santa Cruz-PE é 20 vezes maior (R$ 200 mil) - e ajudas pontuais de empresários, o Gavião do Trairy luta para manter a equipe em competições.
- Ninguém quer ficar desempregado em setembro, sem saber o que vai acontecer. Temos que entender que temos de dar as nossas vidas em campo porque isso aqui é uma vitrine. Quem jogar bem, aparecer em campo, poderá crescer na carreira. Ser chamado para um time de Série B, até de Série A. Disputar a Série D não é fácil, mas trabalhar essa motivação com eles, de que dá para tirar um proveito daqui, pensando no futuro, é o que me faz vir trabalhar todos os dias. É um desafio pessoal – afirmou Moroni.
Fundado em novembro de 2003 e profissionalizado em 2004, o Santa Cruz-RN já tem dois títulos no currículo. No ano de estreia na segunda divisão do Potiguar foi campeão. E, em 2011, venceu o ABC na decisão do primeiro turno no estadual. Uma equipe que começou em um encontro de amigos que gostavam de futebol com o então prefeito da cidade e atual presidente do clube, Luiz Antônio Lourenço de Farias, o Tomba, e passou por momentos difíceis no começo.
- Nossa primeira grande dificuldade foi uma coisa que até dá vontade de sorrir agora. O primeiro jogo foi em uma cidade do interior. Ligamos para o presidente da outra equipe, e ele acertou um lugar para a gente ficar lá. Nós pagamos e tudo mais. Mas quando chegamos, vimos que era um motel. Tivemos que ficar lá, era o único jeito. Foi um pouco constrangedor – contou.
A situação do clube já melhorou. Atualmente, o Santa dispõe de um centro de treinamento com campo, alojamento e sala de fisioterapia. Academia, piscina e auditório para preleção também estão sendo construídos. Para se deslocar para disputa de jogos em outras cidades, alugam ônibus e ficam em hotéis na beira do mar, assim como fizeram na última rodada da Série D, quando se hospedaram em Olinda (PE) para enfrentar o Santa Cruz-PE, para quem perderam por 1 a 0 no último domingo.
Se em Recife o resultado não foi positivo, em Santa Cruz a situação é diferente. De acordo com Moroni, o time não perde em casa há “quase dois anos”. No estadual de 2011, foram oito vitórias seguidas. Consequência de um trabalho de treinos diários no Iberezão, mas também de uma “ajuda divina”. Do gramado do estádio é possível ver o monumento a Santa Rita de Cássia, maior estátua católica do mundo, de 56m, que reina sob Santa Cruz. Dela vem a fé dos jogadores em dias melhores na Série C.
- Ela é a Santa das Causas Impossíveis. Somos devotos. Quando os jogadores chegam, é a primeira coisa que querem conhecer. Pedimos benção antes de cada jogo – contou o superintendente Jaedyson.
Um dos que já foram aos pés da santa para pedir proteção foi Rafinha. O lateral, que é do América-RN, disputou o estadual pelo Santa Cruz e voltou em julho depois de uma rápida passagem pelo time da capital. O motivo? - Aqui eu tenho moral. Sou ídolo. A torcida gosta de mim pelo que fiz no estadual. E quero conseguir ainda mais agora – disse.
Assim como Rafinha, o elenco do Santa Cruz-RN também quer alcançar a idolatria com a classificação para a Série C e uma boa campanha na Copa do Brasil. Os resultados ajudariam a fazer o time deixar de ser chamado de genérico e chegar ao Olimpo assim como os verdadeiros donos de seus apelidos.
Fonte: GLOBO.COM
Nenhum comentário:
Postar um comentário