O técnico coreano fala na língua dele com um tradutor, que passa o recado para o grupo em mandarim. Depois, um outro intérprete traduz a informação para o português. É assim que tem sido a difícil comunicação entre Conca e os jogadores brasileiros com o treinador do Guangzhou Evergrande, Lee Jang-Soo. Já adaptados aos diferentes costumes orientais, os forasteiros só se atrapalham mesmo é na hora de encarar a complicada língua local.
- A comunicação é minha maior dificuldade. Até no campo. Você quer passar alguma coisa e não consegue. Fica só olhando. Eles não são muito de falar. Não é que nem no Brasil, na Argentina – disse Conca, o mais novo reforço do time chinês.
A comunicação entre técnico, Conca e brasucas parece telefone sem fio (Foto: ArteEsporte / Cláudio Roberto)
Há um mês em Guangzhou, o jogador argentino disse ter aprendido apenas falar oi, obrigada e Sprite em mandarim. Ele e os outros brasileiros dependem de um tradutor, fundamental até na comunicação com o técnico. O salvador da pátria é um chinês carinhosamente apelidado pelos brasileiros de “Nuno”. Ainda que em um português meio atrapalhado de quem fez apenas um ano de curso, o tradutor tem sido o anjo da guarda dos estrangeiros.
- O tradutor ajuda muito. Qualquer problema que a gente tem, liga para ele, a qualquer hora, pode ser até de madrugada. A vida aqui sem a ajuda de pessoas como o tradutor seria praticamente impossível - garantiu Cléo, um dos destaques brasileiros no time líder do campeonato chinês.
De petisco, os chineses adoram patas de frango
trituradas e bem temperadas (Foto: Divulgação)
trituradas e bem temperadas (Foto: Divulgação)
Se para se comunicar tem sido uma missão quase impossível, comer também está longe de ser uma tarefa fácil. Enquanto brasileiros e argentinos adoram carne de boi, feijão e macarrão, os orientais são adeptos às carnes de bichos bem diferentes do paladar ocidental, como as de cachorro. Isso sem falar nos espetos de escorpião, besouro e até barata. Tudo sempre muito apimentado.
Os chineses também são acostumados a tomar muita sopa. As de arroz são as preferidas. Para beber, água e muito chá de várias ervas diferentes, sempre em temperatura ambiente. De petisco, como se fossem aqueles sacos de salgadinhos ocidentais, que tal uns pedaços de pata de frango triturados, bem temperados e embalados a vácuo. Dizem até que alguns são premiados com pedacinhos de unha.
Sopa, de vários sabores diferentes, é o prato
preferido dos chineses (Foto: Divulgação)
preferido dos chineses (Foto: Divulgação)
- No início, o mais difícil foi a comida. Eu estava sozinho nos primeiros seis meses. Tinha um amigo que jogava aqui também e a esposa dele era brasileira. Aí eu ia na casa deles comer. Isso que me ajudou. A parte da alimentação é bem complicada. A comida dos chineses é bem diferente. Por exemplo, cobra, escorpião... não como isso não. Como arroz, feijão e já está ótimo – disse Muriqui, que já está há mais de um ano na China e fez um estoque em seu apartamento de mantimentos trazidos do Brasil.
Vivendo em uma cidade com mais de 15 milhões de habitantes, a terceira maior da China, a quantidade de pessoas andando nas ruas, nos restaurantes e supermercados também impressionou os brasileiros.
- Achei tudo diferente. Logo que você chega no aeroporto já vê tanta gente junto, isso já te impressiona. Na primeira semana aqui, todo lugar que eu olhava estava cheio de gente, todos os restaurantes cheios. Aqui, em qualquer horário do dia, você vê os restaurantes lotados. Depois, foram me explicando que os chineses sentem fome toda hora e param para comer – contou Paulão.
Paulão se surpreendeu com calor e as pessoas na
rua (Foto: Lydia Gismondi / GLOBOESPORTE.COM)
rua (Foto: Lydia Gismondi / GLOBOESPORTE.COM)
O clima de Guangzhou também entra na listinha de dificuldades. No verão, os termômetros costumam chegar a 40º. Como é muito abafado, a sensação térmica é de estar ainda mais quente. Para piorar, o ar da maioria das cidades da China é bastante poluído, raramente o azul do céu predomina na paisagem.
- Me impressionou a quentura também. Toda a cidade da China que você vai é quente. Eu sou da Bahia. Mas lá, na sombra é 40º, no sol é 50º, mas pelo menos bate uma brisa. Aqui não. Na sombra é 45º, no sol é 60º e não bate aquele ventinho da Bahia – brincou o zagueiro Paulão, nascido em Salvador.
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