terça-feira, 9 de agosto de 2011

Emocionado, Marcos Assunção dá exemplo a internos da Fundação Casa



Luiz Ricardo Fini/Gazeta Press
Volante chorou na palestra ao falar sobre o pai
O volante Marcos Assunção trocou a grama pela quadra na manhã desta terça-feira. Em seu horário de folga, o palmeirense participou de uma iniciativa para menores internos da Fundação Casa (a antiga Febem). Em uma estrutura montada na área poliesportiva da unidade 1 de Osasco, o meio-campista se emocionou ao discursar para 40 internos.
"Com 11 anos, eu já trabalhava, andava o centro inteiro da cidade, como Office boy. Eu tinha de ajudar minha família, mas pensava que só com futebol poderia mudar a vida deles. Meu pai (Waltemir Bispo Assunção), que faleceu em 2004, fazia sacrifício para nos criar e ainda tinha tempo para conversar e dar conselhos", afirmou o volante, quando interrompeu o discurso com a voz embargada e lágrimas escorrendo pelo rosto.
Enquanto o palmeirense enxugava os olhos, os garotos e funcionários da Casa o aplaudiram. O jogador ainda deu um conselho para os internos que querem mudar de vida quando estiverem novamente nas ruas.
"Nunca precisei fazer mal a ninguém para chegar aonde cheguei. Se sou jogador do Palmeiras, foi por meu pai. Não quero vir aqui e falar o que vocês têm de fazer, mas vocês precisam de dignidade, para que as pessoas falem bem de vocês por onde passarem. Foi o que sempre procurei fazer em minha vida inteira. Se você tem um sonho, corra atrás dele e faça o melhor possível", acrescentou.
A unidade 1 de Osasco integra atualmente 55 internos, sendo que 15 não puderam assistir à palestra porque ainda estão de forma provisória, à espera de sentença judicial. De acordo com a presidente da Fundação no Estado de São Paulo, Berenice Giannella, a intenção da palestra é mostrar um caminho diferente aos jovens.
"A juventude quer consumir, mas é bom que eles tenham o exemplo de pessoas de sucesso que batalharam para subir na vida. São ídolos do esporte que demoraram para chegar onde estão", afirmou.
Se depender do discurso, os internos garantem que entenderam o recado. "Este foi um incentivo para nós, deu para mostrar que nem tudo na vida é crime. Temos de correr em busca de nosso sonho e batalhar, porque não vem tudo fácil", afirmou José*, de 16 anos, que está há três meses no local, por assalto a mão armada, e que alimenta o sonho de virar jogador.
Luiz Ricardo Fini/Gazeta Press
Assunção ainda jogou futebol com os garotos
"Eu sonho em ser goleiro profissional do meu time do coração", acrescentou, revelando ser corintiano. "Posso jogar por outro também, mas sem deixar de torcer para o Corinthians".
Ao ouvir o amigo, Paulo* se adiantou para defender o clube de Marcos Assunção. "Claro que sou palmeirense. Achei legal vê-lo aqui hoje, porque eu nunca fui a um estádio de futebol. Deu até uma emoção. Quero virar jogador, mas, se não der, posso seguir outra carreira. Quero ser uma pessoa honesta lá fora, sem fazer mal para os outros", avisou o garoto, que tem 17 anos e é interno há nove meses, por roubo.
Depois de responder às perguntas dos jovens, Marcos Assunção ainda fez embaixadinhas com alguns perto de uma das traves. "Essa hora é para a gente refletir um pouco. Espero virar atacante", comentou João*, de 15, interno por seqüestro.
Ao ver um dos garotos mostrar habilidade com a bola, o volante palmeirense ainda brincou. "Isso não é para mim, meu negócio é mais a força", encerrou o meio-campista, que depois visitou as instalações do local.
* Todos os nomes dos internos são fictícios

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