Explosão de solidariedade
Pelo seu nome de batismo, pouca gente o conhece: Francisco Rubens da Silva. Mas, pelo apelido que "ganhou" nos tempos de jogador profissional de futebol, é mais fácil identificar esse quase senhor de 55 anos: Chico Explosão. "Quando era atleta, jogava como ponta direita e tinha um vigor físico muito grande. Corria o campo todo, marcava, atacava e fazia isso tudo com muita força.
Foi por causa dessa minha característica que a imprensa potiguar daquele época, me colocou esse apelido, de Explosão, que me acompanhou durante toda a minha carreira", revela o ex jogador.
rodrigo sena
30 jovens treinam na escolinha de Chico Explosão. Para ele, o que falta é uma política
mais voltada para o esporte, a fim de livrar os jovens das drogas
mais voltada para o esporte, a fim de livrar os jovens das drogas
A história de Chico Explosão como jogador, começou em 1976, aos 21 anos, pelo Força e Luz, antigo clube de Natal, que participou de alguns campeonatos estaduais. Em seguida, se transferiu para o Atlético e Ferroviário, ambos equipe da capital do Rio Grande do Norte. Mas, no final da década de 70, o veloz ponta direita teve que se retirar dos gramados. Devido a uma contusão no joelho, decidiu abandonar o futebol, decisão que durou por um ano.
Mesmo sem jogador, Chico Explosão mantinha a forma treinando nos morros de Cidade da Esperança. Foi em um desses treinos, que dirigentes do Alecrim o convidaram a retornar aos gramados e defender o time no campeonato estadual de 1979. O ex-jogador passou pouco tempo no alviverde. Sem muito espaço no cenário profissional do futebol potiguar, Chico se aventurou por diversos times do interior, que disputavam campeonatos regionais. Com pouco retorno dentro de campo, decidiu tomara difícil decisão de pendurar precocemente, de uma vez por todas, suas chuteiras, no final dos anos 80, aos 33 anos. Mas, quem pensa que Chico Explosão se afastou do futebol, se enganou. Menos de um ano depois, estava ele deitado em seu sofá assistindo um programa esportivo na televisão, quando tudo mudou.
"Em 1991, depois de me aposentar do futebol, estava em casa, assistindo televisão, quando vi uma reportagem de um ex jogador que estava abrindo uma escolinha de futebol para crianças. Naquela época, aquilo não existia em Natal, não nos moldes que eu queria, uma escolinha gratuita. E foi o que fiz. Arregacei as mangas da camisa e fui trabalhar. Agora, já são 22 anos aqui em Cidade da Esperança, tentando passar alguma coisa para os jovens", afirma Explosão.
Sofrendo para manter sua escolinha funcionado, o ex jogador e hoje treinador, sabe que as dificuldades precisam ser superadas pelo bem maior, que é o ensinar aos jovens que o esporte é a melhor saída para não enveredar pelo mundo das drogas. "Não iludo ninguém. Sempre digo os garotos que não deixem de estudar, porque, se não conseguirem ser jogadores de futebol, eles podem ter um futuro como cidadão de bem, pais de família. Cobro isso deles, para que não se mandem para o lado ruim da vida. Já imaginou, três desses meus alunos, sem nada na vida, com uma arma na não, dentro de algum comércio? Não é isso que quero para eles. Quero que eles tenham uma vida digna", afirmou.
Atualmente, a escolinha de Chico Explosão funciona no bairro de Cidade da Esperança e conta com jovens de 10 a 15 anos, que sonham em se tornar jogadores profissionais. São mais de 30 garotos que treinam duas vezes por semana. Nas terças-feiras, apenas a parte física, em um morro do bairro. Nas quintas-feiras, a parte técnica e tática. Antes, os jogos eram realizados no campo de futebol de Cidade da Esperança, mas, de acordo com o ex jogador, a Prefeitura de Natal solicitou o espaço e ele teve que mudar o local dos treinamentos. "Ficou um pouco mais longe de treinar, porque a Prefeitura pediu o campo que eu usava como local de treinamento dos garotos. Agora, estamos treinando em um campo lá nos Barreiros, uma localidade perto de Cidade da Esperança. Mas, isso não vai fazer com que eu me desanime. Vou continuar trabalhando sério, para ajudar esses jovens que querem se tornar jogadores", afirmou Chico Explosão.
Fonte: Felipe Gurgel/Tribuna do Norte
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