Os entusiastas do futebol praticado no Interior paulista levaram um susto com a divulgação da tabela do Campeonato Paulista da Segunda Divisão na última sexta-feira. Pela primeira vez desde que a competição passou a ser considerada a de último nível no Estado, apenas 30 clubes participarão. Tradicionais, que já estiveram em Divisões superiores e já levaram grande público aos estádios, como União São João, XV de Jaú e Taquaritinga se licenciaram, mostrando apenas um reflexo final do que se tornou o futebol paulista sob a administração de Marco Polo Del Nero.
Desde que assumiu a presidência da Federação Paulista de Futebol, em 2003, Marco Polo Del Nero deixou com que 57 clubes se licenciassem ou se tornassem extintos. São incríveis quase cinco clubes por ano de mandato (média de 4,75). O Campeonato Paulista deixou de ter seis Divisões para apenas quatro. A Série B3 teve a sua última edição justamente em 2003. A B2 resistiu mais um ano e a partir de 2005, surgiu a até hoje chamada de Segundona, última (ou quarta) Divisão.
Marco Polo Del Nero trouxe prejuízos ao futebol do interior.
Em seu primeiro ano, a Segunda Divisão contou com 40 clubes. O recorde de participações aconteceu em 2007, quando 48 times entraram na disputa em busca de uma promoção para a Série A3. De uns anos para cá, entretanto, com a política elitista de Marco Polo Del Nero, que enriquece os cofres da Federação Paulista de Futebol e dos quatro Grandes (Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo), os números começaram a despencar. Em 2013 eram 45 participantes. Em 2014 já foi ligado um sinal de alerta, com apenas 39 participantes, até chegar ao pífio número de 30 representantes neste ano.
Quatro fatores foram predominantes para tantos licenciamentos e extinções de clubes de 2003 para cá. A primeira, já citada, é a política implementada por Marco Polo Del Nero. Desde que assumiu a FPF, já com o a vontade de chegar à presidência da CBF, o dirigente diminuiu as verbas para os clubes do Interior pela metade. Para se ter uma ideia, em 2015, os 30 participantes receberão uma verba insignificante de R$ 15 mil por disputarem a competição. Valor insuficiente para pagar viagens e parte da renda dos jogos repassada de forma obrigatória à Federação.
União São João campeão da Série B de 1996.
A segunda foi a criação da Lei Pelé. Com o final da Lei do Passe, os clubes do Interior deixaram de lucrar com jogadores criados em suas categorias de base, favorecendo a entrada de empresários que buscavam verdadeiros craques em clubes como Noroeste, União São João e Rio Branco e levavam para gigantes do futebol brasileiro ou europeu.
Também não dá para deixar a má administração de alguns dirigentes de lado. Clubes como Radium e Palestra não conseguiram se sustentarem sozinhos e com homens descompromissados a sua frente, partiram para a falência. Outros, como Campinas e Presidente Prudente, acabaram vendidos para empresários, que os levaram para outra cidade e depois os fecharam.
O último fator foi uma novidade de 2015. A Federação Paulista decidiu ser linha dura com os clubes e só permitir inscrições de times na Segundona que estivessem com os estádios em suas cidades devidamente liberados. Em uma visão de organização, a exigência é válida, o problema é que o mesmo critério não foi utilizado nas outras três Divisões e a Portuguesa segue disputando o Paulistão fora do Canindé, mandando suas partidas sempre no Interior. O mesmo acontece com Guaratinguetá e Independente na Série A2 e Cotia na Série A3. Clubes como São Vicente e Guaçuano não entraram na Segundona por este motivo.
Confira os 57 clubes que se licenciaram ou deixaram de existir de 2003 até 2015:
Águas de Lindóia; Comercial de Tietê; Campinas/ Sport Barueri; Gazeta de Ourinhos; Pinhalense; Itapetininga; Itararé; Jacareí; Osasco; Paulistano de São Roque; Ranchariense;
Serra Negra; Votuporanga (virou SEV Hortolândia); Jalesense; Guarujá; Lençoense/ Bariri; São Vicente; Montenegro; Paulista de Caieiras/ Campo Limpo Paulista; Radium; Guapira;
Palestra; Santa Ritense; XV de Caraguatatuba; Guariba; Jaboticabal; Taquaritinga; União de Mogi; Xv de Jaú; Araçatuba; Paraguaçuense; Sãocarlense; Força; Prudentino; Guaçuano; Pirassununguense; Garça; Guarani Sumareense/ Sumaré/Nova Odessa; Cubatense; Mogi das Cruzes; Ilha Solteira; Boa Vista; Votoraty; Presidente Prudente; Brasilis; Flamengo de Pirajuí; Américo Brasiliense; Paulínia; Primeira Camisa; Saltense; Roma; Atlético Mogi; Paulista Joseense; Paulistinha; São Judas Tadeu; Itapevi e União São João.
Por Gustavo Freitas - AFI.
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